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O QUE É IKIGAI: COMO ENCONTRAR SEU PROPÓSITO

  • Foto do escritor: Fábio Lucas
    Fábio Lucas
  • 10 de set. de 2023
  • 7 min de leitura

Atualizado: 27 de fev. de 2024

O conceito japonês que conquistou o ocidente


Você já ouviu falar de ikigai? Essa palavra japonesa significa “razão de ser” ou “propósito de vida”. Muitas pessoas acreditam que encontrar o seu ikigai é o segredo para uma vida longa, feliz e saudável. Mas você sabe de onde vem esse conceito e como ele se espalhou pelo mundo?

 

Neste texto, você vai aprender:


  • Como surgiu e o que significa o ikigai na cultura japonesa

  • Como o ikigai foi estudado e aplicado por diferentes pesquisadores e profissionais

  • Como o ikigai foi adaptado e apropriado pelo ocidente, especialmente pelo coaching

  • Como evitar as confusões e os mitos sobre o ikigai

 


Um livro com uma cerejeira em uma mesa com chá descrevendo os segredos do ikigai para ter uma vida feliz
Ikigai e sua origem Japonesa

A origem e o significado do ikigai na cultura japonesa

O termo ikigai é formado por dois caracteres: iki (生き), que significa “vida”, e gai (甲斐), que significa “valor” ou “mérito”. A origem do termo ikigai é incerta, pois existem diferentes fontes que apontam para diferentes épocas e significados¹.

  • A primeira é que o termo ikigai surgiu no período Heian (794-1185), quando a palavra gai era usada para se referir a conchas, que eram muito valiosas na época. Nesse caso, ikigai seria uma forma de expressar o valor da vida através de um símbolo material

  • A segunda é que o termo ikigai surgiu no final da era Meiji, próximo da virada do século XX, quando apareceu pela primeira vez nos dicionários japoneses. Nesse caso, ikigai seria uma forma de expressar o resultado do que se espera e deseja da vida, com um foco no aspecto social.

  • A terceira é que o termo ikigai mudou de significado com o passar do tempo, passando a se referir ao valor percebido, ao entusiasmo e à felicidade da vida, com um foco no aspecto pessoal.


O ikigai é um conceito complexo e multifacetado, que pode variar de pessoa para pessoa. Segundo o antropólogo Gordon Mathews², o ikigai pode ser entendido como uma resposta à pergunta “o que faz a vida valer a pena?”. Essa resposta pode envolver diferentes aspectos da vida, como trabalho, família, lazer, saúde, espiritualidade etc. O importante é que o ikigai seja algo que faça a pessoa se sentir viva no aqui e agora, e que motive a pessoa a sobreviver.


A primeira pesquisadora a estudar o ikigai foi Mieko Kamiya, uma psiquiatra que trabalhou na ilha de Okinawa, no sul do Japão, um lugar conhecido pela longevidade e felicidade de seus habitantes. Ela entrevistou os moradores da ilha e descobriu que o ikigai é composto por dois aspectos: o objeto de ikigai e o sentimento de ikigai³.


O objeto de ikigai é aquilo que pensamos quando nos perguntam qual é o nosso ikigai. Pode ser uma pessoa, uma atividade, um sonho, um valor ou qualquer outra coisa que nos motive a viver. Por exemplo, para alguns moradores de Okinawa, o seu ikigai era cuidar dos netos, cultivar hortas ou participar de grupos comunitários⁴.


O sentimento de ikigai é a emoção que acompanha o objeto de ikigai. Pode ser uma sensação de realização, satisfação, alegria, esperança ou qualquer outra que nos faça sentir vivos e felizes. Kamiya chamou esse sentimento de ikigai-kan³, que significa “sentir o seu ikigai”.



 

O estudo e a aplicação do ikigai por diferentes pesquisadores e profissionais


O ikigai despertou o interesse de vários pesquisadores e profissionais nas áreas da psicologia, da sociologia, da antropologia e da medicina. Eles buscaram compreender melhor esse conceito e suas implicações para a saúde física e mental das pessoas.

Uma das principais contribuições foi a de Michiko Kumano⁵ , uma psicóloga clínica que desenvolveu uma teoria sobre o ikigai baseada na psicologia humanista. Ela definiu o ikigai como “um estado de espírito em que a pessoa se sente plenamente satisfeita com a sua vida, e que é alcançado quando a pessoa realiza atividades que estão de acordo com os seus valores e objetivos”. Ela também propôs quatro fatores que influenciam o ikigai: a autoestima, a autoeficácia, a autenticidade e a autonomia.


Outra contribuição importante foi a de Akihiro Hasegawa e Shintaro Kono⁶ , dois psicólogos que pesquisaram o ikigai entre estudantes universitários e pessoas idosas no Japão. Eles identificaram quatro elementos principais do sentimento de ikigai: prazer, esforço, estímulo e conforto. Esses elementos correspondem às atividades valorizadas que buscamos no nosso tempo livre ou no nosso lazer.


Além disso, vários pesquisadores e profissionais criaram escalas para medir o ikigai das pessoas. Essas escalas são questionários que avaliam o grau de satisfação, motivação, propósito e bem-estar das pessoas em relação à sua vida. Algumas das escalas mais conhecidas são: a Escala de Ikigai de Kamiya³, a Escala de Ikigai de Kumano, a Escala de Sentimento de Ikigai de Hasegawa e Kono⁶ e a Escala de Ikigai-9⁷ .


 

A adaptação e a apropriação do ikigai pelo ocidente, especialmente pelo coaching


O ikigai se tornou um fenômeno mundial nos últimos anos, graças à divulgação de livros, artigos, podcasts e vídeos sobre o tema. Muitas pessoas no ocidente se interessaram por esse conceito japonês e buscaram aplicá-lo em suas vidas pessoais e profissionais.

No entanto, nem sempre essa aplicação foi fiel ao significado original do ikigai. Muitas vezes, o ikigai foi adaptado ou apropriado por diferentes abordagens ou interesses, especialmente pelo coaching.


O coaching é um processo de desenvolvimento humano que visa ajudar as pessoas a alcançarem seus objetivos pessoais ou profissionais. O coaching utiliza técnicas e ferramentas de diversas áreas do conhecimento, como psicologia, administração, comunicação, neurociência etc.


Uma das formas de inserção do ikigai no ocidente foi por meio do coaching. Muitos coaches utilizaram o ikigai como uma ferramenta para ajudar seus clientes a encontrarem seu propósito de vida e sua vocação profissional. Eles se basearam principalmente no diagrama de Venn, que associa o ikigai à interseção entre quatro círculos: o que você ama fazer, o que você sabe fazer bem, o que você pode ser pago para fazer e o que o mundo precisa que você faça⁸.


Essa imagem se tornou popular na internet e em vários livros sobre o tema. No entanto, ela não representa a verdadeira essência do ikigai. Ela foi criada por um consultor de negócios americano, que se inspirou em um livro sobre carreira e felicidade. Essa versão simplificada e ocidentalizada do ikigai ignora a complexidade e a profundidade do conceito original.

Outra forma de inserção do ikigai no ocidente foi por meio da aproximação com outras abordagens psicológicas ou filosóficas. Algumas delas foram:

  • A logoterapia: uma abordagem psicoterapêutica criada por Viktor Frankl, um psiquiatra austríaco sobrevivente do Holocausto. A logoterapia se baseia na ideia de que o sentido da vida é o principal motivador da existência humana. A logoterapia propõe três formas de encontrar esse sentido: pela realização de um trabalho ou projeto, pela vivência de um amor ou relacionamento ou pela atitude diante do sofrimento inevitável.

  • A psicologia positiva: uma abordagem psicológica criada por Martin Seligman, um psicólogo americano considerado o pai da psicologia positiva. A psicologia positiva se baseia na ideia de que a felicidade é o principal objetivo da existência humana. A psicologia positiva propõe quatro fontes de felicidade: prazer, engajamento, relacionamento e propósito.


Essas abordagens têm alguns pontos em comum com o ikigai, mas também têm algumas diferenças. Elas podem ser úteis para complementar ou inspirar o ikigai, mas não podem substituí-lo ou confundi-lo.


 

Como evitar as confusões e os mitos sobre o ikigai


O ikigai é um conceito maravilhoso, mas também pode ser mal interpretado ou mal aplicado. Para evitar as armadilhas e os mitos sobre o ikigai, é preciso ter em mente algumas dicas, como:

  • Respeite a origem e a essência do ikigai. Não se deixe enganar por imagens simplificadas ou distorcidas do ikigai, que ignoram a sua complexidade e a sua profundidade. Busque conhecer a cultura japonesa e os seus valores, que estão na base do ikigai.

  • Não se compare com os outros. O ikigai é pessoal e intransferível. Não há um critério objetivo ou universal para definir o ikigai, mas sim uma escolha subjetiva e individual. Não se preocupe em seguir padrões ou tendências, mas sim em seguir o seu coração.

  • Não se limite a uma área da vida. O ikigai abrange todas as áreas da vida, como trabalho, família, lazer, saúde, espiritualidade etc. Não se foque apenas em uma delas, mas procure harmonizar todas elas. Não se esqueça de cuidar de si mesmo e dos outros.

  • Não se acomode ou se frustre. O ikigai é dinâmico e flexível. Ele pode mudar ao longo da vida, conforme as circunstâncias, as experiências e as preferências de cada um. Não tenha medo de mudar ou de experimentar novas possibilidades. Não desista de buscar o seu ikigai.


 

Conclusão de O que é ikigai: Como encontrar seu propósito


Ikigai é uma palavra japonesa que significa “razão de ser” ou “propósito de vida”. É um conceito antigo que pode ser a chave para uma vida longa, feliz e saudável. Neste texto, você aprendeu:

  • Como surgiu e o que significa o ikigai na cultura japonesa

  • Como o ikigai foi estudado e aplicado por diferentes pesquisadores e profissionais

  • Como o ikigai foi adaptado e apropriado pelo ocidente, especialmente pelo coaching

  • Como evitar as confusões e os mitos sobre o ikigai


Esperamos que este texto O que é ikigai: Como encontrar seu propósito tenha sido útil para você. Se você gostou, compartilhe com os seus amigos nas redes sociais. Se você tem alguma dúvida ou sugestão, deixe um comentário abaixo. E se você quer saber mais sobre ikigai ou sobre outros temas relacionados à filosofia e ao autoconhecimento, visite os sites que eu encontrei para você .

Obrigado pela sua atenção e até a próxima! 😊


Referências do artigo:

  1. GOMES, Viviane da Silva. O encontro entre o Oriente e o Ocidente: A presença do Ikigai na psicologia ocidental. Rio de Janeiro: UFRJ, 2020.

  2. MATHEWS, Gordon. What Makes Life Worth Living? How Japanese and Americans Make Sense of Their Worlds. Berkeley: University of California Press, 1996.

  3. KEMP, Nick. Mieko Kamiya: The first researcher of Ikigai. Ikigai Tribe, 15 jul. 2019. Disponível em: https://ikigaitribe.com/ikigai/mieko-kamiya/

  4. GARCÍA, Héctor; MIRALLES, Francesc. Ikigai: The Japanese Secret to a Long and Happy Life. New York: Penguin Books, 2017.

  5. KUMANO, Michiko et al. Development of an Ikigai Scale and its psychometric properties in a sample of Japanese workers. Personality and Individual Differences, v. 123, p. 57-63, 2018. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0191886918301081

  6. HASEGAWA, Akihiro. Ikigai: conceitos, métodos e resultados. Disponível em: https://www.hasegawa-akihiro.com/ikigai/

  7. KEMP, Nick. The truth about the ikigai diagram and why you should stop using it. Ikigai Tribe, 13 jan. 2020. Disponível em: https://ikigaitribe.com/blogpost/ikigai-ni-tsuite/

  8. BANZATO, Eduardo. A Busca do Sentido da Vida: Um Encontro entre Logoterapia e Ikigai. São Paulo: Paulus, 2018.

  9. SELIGMAN, Martin E.P. Felicidade Autêntica: Usando a Nova Psicologia Positiva para a Realização Permanente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.

  10. GARCÍA, Héctor; MIRALLES, Francesc. Ikigai: The Japanese Secret to a Long and Happy Life. New York: Penguin Books, 2017.

  11. KONO, Shinichiro. Ikigai: the Japanese concept of finding purpose in life. The Japan Times, 16 set. 2017. https://ikigaikan.com/shinatro-kono/

  12. KONO, Shintaro. Theorizing Leisure’s Roles in the Pursuit of Ikigai (Life Worthiness): A Mixed-Methods Approach. Leisure Sciences, v. 41, n. 1-2, p. 92-113, 2019. https://www.youtube.com/watch?v=-Bkd-tqZueA


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